quinta-feira, 28 de setembro de 2017

ENTREVISTA: ANSELMO DUARTE JR.



Anselmo Duarte, nos anos dourados do cinema.


Neste mês, com exclusividade, recebo aqui o filho ilustre do cineasta clássico, Anselmo Duarte Junior, que é guardião de boa parte da memória do nosso cinema. Em seu documentário em longa-metragem, "De Salto para o Cinema", chega a vez da história do renomado cineasta ser apresentada ao público com conteúdo inedito e riqueza de detalhes. Nas linhas abaixo, segue a entrevista, que necessitou também do apoio da atriz Ilka Soares, ex-esposa de Anselmo Duarte. Sem maiores rodeios, segue abaixo o "anunciado", ou seja, a entrevista. Espero que gostem ...


Anselmo Duarte Jr., o diretor do documentário.


OBS. ENTREVISTA ESTÁ SENDO PUBLICADA EM TEMPO REAL.


EMERSON LINKS:

Naturalmente, vamos começar falando da sua carreira antes de idealizar o longa-metragem sobre seu pai, o lendário ator e diretor Anselmo Duarte. Você sempre quis fazer esse tipo de trabalho em cinema ou tinha em mente se aprimorar em outro segmento?

ANSELMO DUARTE JR.:

Só pensei em fazer o documentário “De Salto para o Cinema” – 52’, sobre o cinema brasileiro e vida do meu pai, em 1990, quando eu já tinha 35 anos de idade e depois de mais de 15 anos trabalhando com jornalismo, cinema e publicidade. Por incrível que pareça cursei Direito na Universidade Gama Filho – RJ, por influência do meu pai que desejava ter um filho diplomata e falava maravilhas sobre a profissão. Mas por estas coincidências da vida... minha mãe é atriz (Ilka Soares) e era casada com o diretor geral da TV Globo (Walter Clark) que em 1970 ofereceu-me um estágio na emissora. Eu precisava trabalhar e aceitei o convite. E lá na TV Globo começou meu namoro com o jornalismo, imagens, edição, produção, direção. Abandonei o Direito e a faculdade...

EMERSON LINKS

Quais são suas maiores lembranças do seu pai em ambiente de trabalho ou de trabalhos dele que você acompanhou?

ANSELMO DUARTE JR.:

Lembro-me que aos 8 anos de idade, ouvi com minha mãe e minha irmã Lydia Soares Duarte, no radio, a notícia que o filme “O Pagador de Promessas” tinha sido premiado com a Palma de Ouro do Festival de cinema de Cannes como melhor filme daquele ano (1962). Pulamos muito e festejamos. Já separado da minha mãe, Ilka Soares, meu pai sempre enviava notícias e cartões postais das suas andanças pelo mundo depois do filme “O Pagador...” ter vencido em Cannes e vários outros festivais de cinema pelo mundo e ter sido nominado para o Oscar de melhor filme estrangeiro.
     “O Pagador... “ foi o filme mais premiado do mundo em 1962/63.





Durante a filmagem do filme “A Madona de Cedro”, eu tinha 13 anos e meu pai contracenava com Leonardo Vilar, Sergio Cardoso e Leila Diniz, ele me pegou em casa no Rio de Janeiro, no Leblon, para dar uma volta e presenciei um dialogo engraçado, o Anselmo pedia para a exuberante Leila Diniz fechar o “fecho-eclair” da roupa que revelava seus seios e eu não conseguia tirar os olhos... Disse que tinha criança no carro e que ela ia me deixar tonto...

Já com meus 20 anos, sempre que ia passar férias lá com ele, eu o acompanhava a “Boca do Lixo” em SP, em suas visitas aos escritórios das produtoras de cinema, gostava do jeito respeitoso que dedicavam a ele e das risadas quando ele começava a contar suas “histórias” rocambolescas, no fim do dia íamos a algum dos vários bons bares da região, comíamos e depois de uns chopps ele continuava a contar suas histórias que eram fascinantes colocando sempre conselhos sobre a vida e a profissão que eu já exercia na área como editor de imagens da TV Globo.

Anselmo Duarte quando passava pelo Rio me convidava para ir aos “sets” de filmagem ou encontrar com ele... Até seu último filme como ator, “Tensão no Rio”, do Gustavo Dahl, fui com ele ao Palácio do Catete onde ele filmaria algumas cenas com a atriz Norma Benguell, Nelson Xavier e Ivan Candido. Meu pai sempre foi muito carinhoso com seus filhos.




EMERSON LINKS:

Quais são suas influências no cinema, tais como gênero de filme, atores e diretores?

ANSELMO DUARTE JR.:

Inesquecível os cinemas “poeiras” no bairro do Leme, Rio, ver desenhos animados, e minha mãe me levar eu e minha irmã Lydia para “matinês” no cinema Metro Copacabana ver Tom & Jerry, A Bela Adormecida e outro filmes da Disney.

Mas destaco, e mais uma vez, minha mãe, levar-me para um “Cinema Drive-In” na Lagoa, Rio de  Janeiro e ter visto com ela “A Dança dos Vampiros” do Polanski. Filme que vi várias outras vezes pelo clima, a neve em noites de lua, mulheres bonitas e pela abordagem inusitada e muito bem humorada do tema...

Admiro Chaplin, Buster Keaton, Harold Lloyd, Jacque Tati, Truffaut, John Huston, Billy Wilder, Hitchcock, Kurosawa, Fellini, De Sica, Rossellini, Germi, Scola... foram alguns de muitos autores de ótimos filmes que vi na infância e juventude por aí adiante que me fazem até hoje pensar na importância do cinema como irradiador de arte, posição social e entretenimento.

Acho também trabalhos muito importantes onde o cinema pode ser ferramenta para o questionamento social, econômico e político nos filmes de diretores atuais como  Spielberg, Scorcese, Kubrick, Coppola, Malick, Herzog, Polanski, Tim Burton, Spike Lee, Oliver Stone, Woody Allen, os filmes “Taking Off” e “Hair” do Milos Forman e “Easy Rider” de Peter Fonda nos anos 70. Tem muita gente boa! Meu gosto mudou muito com o tempo e hoje dou preferência a documentários, filmes históricos ou biográficos. Gostei muito da série “Breaking Bad” que revelou uma novo formato para realizadores do cinema e a importância do roteiro.

EMERSON LINKS:

Você já pensou em seguir a mesma carreira que o Anselmo Duarte, mesmo que em esferas diferentes?

ANSELMO DUARTE JR.:

Nunca pensei, nem pretendo. Sou publicitário, filmes de propaganda, marketing e documentários fazem parte do meu trabalho. Mesmo que na esfera publicitária eu me encontre em situações de direção de atores e concepção artística nunca passou pela minha cabeça fazer ou copiar a bela trajetória profissional do cineasta Anselmo Duarte.




EMERSON LINKS:

Uma vez que você tenha realizado um documentário biográfico, passaremos, aqui, então a ouvir um comentário seu sobre cada trabalho do artista. Pois bem. Sobre a convivência com o seu pai, você poderia nos contar como foram os primeiros passos na carreira, antes dele se consagrar profissionalmente? (Exemplo: Antes dele se consagrar participou em películas como “Querida Susana” e “Não Me Diga Adeus” (ambas de 1947) e “Terra Violenta” e “Inconfidência Mineira” (1949).

ANSELMO DUARTE JR.:

O Anselmo Duarte era carregador de malas na estação de trem e barbeiro na cidade de Salto – SP na infância. Seu irmão mais velho, Job, fazia projeções improvisadas de cinema em casa, ou seja lamparinas a querosene projetando sombras de desenhos nas paredes e contando histórias, Anselmo também também foi “molhador de telas”. As telas de cinema naquela época precisavam ser molhadas por trás com um aparato que borrifava água porque esquentavam muito com o calor das lâmpadas de projeção. O Lima Duarte disse num depoimento que Anselmo viu todos os grandes filmes desta época ao contrário, ou seja por trás da tela.... (!) Jovem, Anselmo foi para SP e trabalhou como representante da empresa de balanças Fillizola e redator de um jornal de economia, mas, bom dançarino de tango e boleros em SP soube que havia uma chance para dançar no Cassino da Urca no Rio de Janeiro, começou a freqüentar a noite carioca e conheceu o ator Jorge Dória que levou ele para os locais de encontro da sociedade. Em um café na Cinelândia o diretor Alberto Pieralisi ficou analisando o Anselmo e disse que tinha achado o ator do seu próximo filme. Nesta época os atores não necessitavam ser bons atores mas ter uma certa presença, aspecto físico e empatia... Não recebiam quase nada pelo trabalho, mas o Anselmo e o Dória achavam muito bom ir para as filmagens porque “tinha lanche e conheciam as meninas... segundo os dois confirmaram em entrevista para o documentário que fiz sobre o Anselmo. Nos quatros filmes citados em sua pergunta acima, Anselmo recebeu as primeiras lições sobre atuar no cinema da/os diretora Carmem Santos, Pieralisi e do argentino Luis Moglia Barth.




EMERSON LINKS:

Inicialmente seu pai foi valorizado como galã para mais tarde ser aclamado como grande cineasta. No primeiro filme como ator-protagonista e roteirista, CARNAVAL NO FOGO, quais foram os relatos que ele te passou sobre tal experiência?

ANSELMO DUARTE JR.:

O Anselmo me informou que nesta época conheceu o diretor Watson Macedo, tio da atriz Eliana Macedo, que gostou muito dele e foram bons amigos por muito tempo e passou a orientá-lo quanto aos ofícios do “cinema” que ele tanto queria aprender.





EMERSON LINKS:

Ainda em 1949, Anselmo atuou “O Caçula do Barulho” e “Pinguinho de Gente”. Estas comedias despretensiosas que entretinham a população sem apelação de hoje, reforçavam a imagem de galã que seu pai ocupava até então. Durante seu documentário, ele te contou que já tinha planos maiores na época, como por exemplo, como atuar ao lado de Oscarito e Grande Otelo em “Aviso Aos Navegantes”? Como era a visão de ator, nesta época, 1950?

ANSELMO DUARTE JR.:

O Anselmo informou no documentário que não tinha planos maiores, apenas vivia nessa época de sucesso como galã e prestígio mas sentia que poderia ir mais a frente com sua curiosidade sobre a “carpintaria” do cinema.




EMERSON LINKS:

Como era o relacionamento dele com Eliana, estrela da Atlântida, em “Aviso Aos Navegantes”?

ANSELMO DUARTE JR.:

O Anselmo afirmou várias vezes que seu relacionamento com a atriz do momento, Eliana, era estritamente profissional e respeitoso. Segundo ele, a  admiração pelo diretor Watson Macedo, tio da Eliana, era de uma boa amizade e agradecido pelo aprendizado que o diretor lhe passava.




EMERSON LINKS:

No ano seguinte, em 1951, Anselmo Duarte protagonizou “Maior que o Ódio” e, no ano seguinte, "Veneno".

ANSELMO DUARTE JR.:

Nesta época o Anselmo Duarte já estava contratado pela companhia cinematográfica Vera Cruz, liderada pelo Franco Zampari, que era “bancado” pelo amigo e empresário Francisco Matarazzo Sobrinho. Anselmo foi contratado como um ator de Hollywood, bom salário e tratado como estrela.


                                   "Veneno" (1952)



                                   "Tico-Tico no Fubá" (1953).  


EMERSON LINKS:

Em “Tico Tico no Fubá”, seu pai interpretou vida de Zequinha de Abreu. Biografias eram novidades na época, ainda mais para um galã compor um personagem de tal porte. Como sabemos, ele tirou de letra. Quais eram as memórias dele sobre esse trabalho?

ANSELMO DUARTE JR.:

Coincidências. Na juventude em SP, Anselmo trabalhou também como funcionário da “Editora de Músicas Irmãos Vitale” que tinha entre seus fornecedores o compositor Zequinha de Abreu (“Tico-Tico no Fubá”), Anselmo cruzou com Zequinha várias vezes na empresa e jamais pensou que um dia iria protagonizar sua vida no cinema. Anselmo tinha poucos conhecimentos de piano apesar de ter tocado bandolim na orquestra de Salto – SP quando era menino, durante as filmagens ele simulava tocar os difíceis solos no piano que eram falseados com uma mão de um verdadeiro pianista quando haviam detalhes da mesma. O filme fez sucesso e em todas as apresentações do Anselmo pelo Brasil para promover o filme pediam que ele tocasse piano e especialmente o “Tico-Tico...”. Ele dizia que era um truque e que não tocava nada mas ninguém acreditava. Então ele falava: - “Ta bom, querem que eu mostre o que sei tocar?”... E saia atacando o piano com musicas e notas improváveis, uma balbúrdia nos teclados por uns 20 segundos... Não era música e mesmo assim todos aplaudiam muito...




EMERSON LINKS:

Em “Sinhá Moça” (1953), foi a hora e a vez de Anselmo Duarte protagonizar um grande romance. Quais foram as palavras dele sobre esse grande trabalho?

ANSELMO DUARTE JR.:

Anselmo já era um ator consagrado nesta época. E desde o filme anterior, “Tico-Tico”, e no set de filmagem já se interessava sobre câmeras, iluminação, produção e já participava nos roteiros com opiniões e textos e acabando as filmagens   ia acompanhar a montagem dos filmes da Vera Cruz com o consagrado montador dos filmes de Hitchcock, Oswald Hafenrichter. A Vera Cruz “importou” os melhores do cinema mundial nesta época e o Anselmo teve a oportunidade de aprender com o mestre da fotografia Chick Fowle e diretores como Adolfo Celi e Tom Payne. É curioso que em uma reunião do Anselmo Duarte com o dono da Vera Cruz – Zampari -  ele foi informado que foi contratado como ator e muito bem pago, e que não deveria dar mais palpites sobre o esquema de produção ou criação da companhia. Mesmo assim continuou com sua obsessão para aprender e nas madrugadas freqüentar a montagem dos filmes com Hafenrichter. Numa ocasião, comprovada por vários depoentes do meu documentário, a Vera Cruz não conseguia terminar o filme “Tico-Tico...”

E o Adolfo Celi ou algum diretor da companhia pediu ajuda a Anselmo Duarte.

O Anselmo relatou-me que pegou o calhamaço de papéis do roteiro, colocou sobre uma das mãos, suspendeu e disse: “Pelo peso tem mais de 3 horas de filme...”

Anselmo “enxugou” o roteiro escondido do empresário Zampari e o filme saiu...




EMERSON LINKS:

O que foi para ele contracenar com Eliane Lage?

ANSELMO DUARTE JR.:

Eliane Lage já era namorada ou mulher do diretor Tom Payne. Meu pai admirava a atriz Eliane Lage, achava-a uma mulher extremamente educada e bonita. Em 1980 num jantar em São Paulo com Tônia Carrero, Ilka Soares e a Eliane Lage, na cantina Giovanni Bruno, disse-me que quando conheceu minha mãe, Ilka, nunca mais teve olhar para nenhuma outra mulher.

EMERSON LINKS:

Em “Appassionata”, Anselmo Duarte dividiu cena com Tonia Carreiro, Paulo Autran e Ziembinski. Ele relatou essa experiência em seu documentário ou apenas comentou isso em “off” ?

ANSELMO DUARTE JR.:

Anselmo confessou-me que achava a atriz Tonia Carrero “assexuada”, ou seja indiferente para assuntos de flertes, namoros ou sexo. Com certeza ela não se interessou por ele e daí tal comentário “machista.




EMERSON LINKS:

Em “Carnaval em Marte” (1955), ele contracenou com sua mãe, a atriz Ilka Soares. Quais foram suas memórias em relação a esse período? Por sinal, este foi o primeiro filme de ficção cientifica brasileiro em tom de comedia. Existe algum relato sobre isso.


                                    Famoso cartaz do filme.

Ilka Soares, a grande estrela da época. 


ANSELMO DUARTE JR.:

Lembro—me de minha mãe, Ilka Soares, ter me falado que durante as filmagens haviam muitos morcegos no estúdio e eu estava num berço e que as pessoas vibravam longos bambus para matar os mesmo e que caiam mortos perto do berço. Eu tinha meses de vida... Foi um dos primeiros filmes que Anselmo Duarte participou na confecção.


A atriz no auge de sua beleza.

Ilka Soares com seus dois filhos.


EMERSON LINKS:

Bom, como todos sabem, estou realizando, também, A BÍBLIA DO ROCK, projeto no qual entrevistei nada menos que 1962 artistas. Nada mais natural eu perguntar para você, agora para A BÍBLIA DO CINEMA, como foi a ideia de Anselmo Duarte, em seu primeiro longa, “Absolutamente Certo” como diretor, fazer um registro justamente com Betinho e seu Conjunto, a primeira banda a gravar um rock brasileiro em 1957.

ANSELMO DUARTE JR.:

Neste primeiro filme como diretor ele contou com a ajuda preciosa do diretor de fotografia Chic Fowle que lhe deu grande suporte em suas dúvidas e inseguranças. Anselmo disse que fez o roteiro baseado no programa de TV “O Céu é o Limite”, apresentado pelo seu conterrâneo Jota Silvestre, mas que agradasse o que o público queria naquela época. O filme tinha de tudo: humor com Dercy Gonçalves, lutas de box, namoros, conflito entre gerações e rock and roll . Segundo o Anselmo, tinha de tudo, só não tinha futebol... Foi um estrondo de bilheteria, as pessoas faziam filas que davam volta nos quarteirões em São Paulo.











Este filme alavancou financeiramente Anselmo e o produtor Oswaldo Massaini. Com o dinheiro arrecadado nas bilheterias, Anselmo foi para a Europa, compreender e estudar o que estava sendo feito por lá. E com o sucesso que tinha no Brasil, ainda como galã, aproveitou e fez dois filmes como ator: “As Pupilas do Senhor Reitor” do português Perdigão Queiroga (1961) e “Um Rayo de Luz” do espanhol Luis Lucia Mingarro com a estrela infantil Marisol (1960).

Um fato curioso foi que Anselmo se inscreveu no IDHEC em Paris (Institut des Hautes Études Cinématographiques), e disse em depoimento no documentário que na segunda “aula” o professor dizia que uma equipe de cinema é formada por eletricistas, cenógrafos, assistentes disso e disso... umas 30 pessoas, etc e tal. Anselmo afirmou:

- Ora se eu faço cinema no Brasil com uma “equipe de 5 pessoas” o que é que vou aprender aqui? Só me prestou mesmo para aprender o Francês...







EMERSON LINKS:

Em “Arara Vermelha” (1957), seu pai dividiu cena com Odete Lara, a vilã de “Absolutamente Certo”, e Milton Ribeiro, que (em 1953) fez “O Cangaceiro”. Parece que era comum ele atuar somente com os mais consagrados do período ou todos os atores da época eram realmente escolhidos a dedo por serem bons? Ele chegou a te relatar algo a esse respeito?

ANSELMO DUARTE JR.:

Nesta época os “estúdios” escolhiam as atrizes e atores, conforme interesses comerciais e até pessoais, como Anselmo me informou. Mas no filme “Absolutamente Certo”, como diretor, ele escolheu alguns atores e a Dercy Gonçalves foi imposta por um produtor. Quando partiu para a produção do filme “O Pagador de Promessas”, ele queria a Odete Lara para uma personagem importante, ela recusou, e Anselmo disse pra ela em tom brincalhão:

-“Vais perder a Palma de Ouro em Cannes...

Norma Benguell fez a personagem e está nas fotos oficiais da premiação do festival de Cannes com Gloria Menezes, Leonardo Vilar e Anselmo.




EMERSON LINKS:

O Anselmo Duarte que o público nunca se deu conta é que ele foi nada mais e nada menos que o roteirista dos próprios filmes que atuou como, por exemplo, "Carnaval no Fogo", "Carnaval em Marte", "Depois Eu Conto" e "Absolutamente Certo", entre outros. A quem ele creditava tal oportunidade de operar em outra função?

ANSELMO DUARTE:

O Anselmo não creditava a ninguém sua vontade de ser diretor depois de ter colocado a mão em vários roteiros e de conhecer todos os processos de produção de filmes que foram sucesso. Depois do estrondo de bilheteria e sucesso na crítica do filme “Absolutamente Certo” ele levou a frente seu conhecimento adquirido e depois de um período na Europa estudando e analisando os festivais de cinema voltou para o Brasil procurando uma história original e brasileira. Ele achou no teatro, primeiro com “O Auto da Compadecida” que o autor Ariano Suassuna não concordou em adaptar para o cinema, depois, levado pelo diretor Flavio Rangel viu o “O Pagador de Promessas” do dramaturgo Dias Gomes, que também foi muito esquivo mas finalmente concordou que Anselmo adaptasse e escrevesse para o cinema.








EMERSON LINKS:

Finalmente, em 1962, Anselmo Duarte, ganhou a Palma de Ouro em Cannes, com o “O Pagador de Promessas”, produção que escreveu e dirigiu abrindo mão do protagonismo como ator. Quais são suas memórias sobre esse período? O que foi que ele te repassou sobre essa experiência ímpar e jamais reprisada na história do cinema brasileiro?

ANSELMO DUARTE JR.:

As pessoas pensam que foi fácil realizar “O Pagador...”.  Foi uma batalha e luta diária contra muitos imprevistos e até falta de dinheiro. Muitas histórias relevantes que talvez demandem uma resposta maior e a parte, inclusive há uma produtora que se interessou em fazer um documentário somente sobre a feitura do filme.

Entre muitos casos destaco que Anselmo teve que fazer no meio das filmagens um documentário para a Secretaria de turismo da Bahia com o ator baiano Antonio Pitanga para pagar a hospedagem da equipe, a obrigação dos financiadores de fazer uma versão a parte com um ator português para o mercado de Portugal, a necessidade de colocar postes de iluminação na escadaria onde o filme se passa e que continuam lá até hoje, as intempéries do tempo que fez Anselmo recorrer á uma Mãe de Santo, a indisposição da atriz Norma Benguell com alguns atores, as soluções de movimento numa escadaria para uma câmera Mitchell (35 mm) que era bem pesada criadas com imaginação da pequena equipe... Acho que o esforço foi compensado pelo menos pelos baianos que homenageiam tal feito com uma placa relativa ao evento nestas mesmas escadarias.








EMERSON LINKS:

Em 1964, seu pai continuou apenas como diretor e roteirista, levando para as telas “Vereda da Salvação”. Neste drama, lançado em 1965, em sua visão, houve algum tipo de gratificação profissional relevante para ele?

ANSELMO DUARTE JR.:

Sim, ele estava muito animado, o filme era a primeira produção, direção e roteiro exclusivamente dele, adaptado por ele para o cinema da peça teatral homônima do escritor Jorge Andrade. O argumento tratava de uma causa política-religiosa mais profunda que o “Pagador”, os retirantes e pessoas que viviam a deriva na mão de latifundiários, hoje conhecidos como “Sem-Terra”. O assunto interessava ele e o aproximava finalmente de sua convicção do cinema como arte-engajada. Depois do sucesso mundial do “Pagador” Anselmo foi alvo de muitas críticas e inveja do seu próprio meio que não admitiam um ator e galã ter vencido tantos festivais e o maior premio do cinema mundial como diretor...

No filme “Vereda da Salvação” ele usou apenas atores e atrizes desconhecidos do grande público, lançou Raul Cortez como protagonista, e fez um “laboratório” com os camponeses locais que fizeram parte da maior parte do elenco onde foi filmado. Depoimento do ator Stenio Garcia que fez o treinamento dos atores comprova tal. Para tanto e também para responder ao pessoal do “cinema-novo” que o acusava de ser um diretor “acadêmico” fez o filme com o câmera e diretor de fotografia argentino Ricardo Aronovich, bem avaliado pelos “cinemanovistas”. O filme tem muito poucos planos e contra-planos acadêmicos, é abundante de planos-sequências e a câmera livre com planos inusitados e longos travelings que favorecem os diálogos e os atores.

O clima político tenso no país e a ditadura militar recém instalada em 1964 perseguiu tudo e todos que tivessem qualquer ligação com a “esquerda”. O diretor Anselmo Duarte assinou um documento décadas antes para solicitar a legalização do Partido Comunista e os dramaturgos Dias Gomes e Jorge Andrade, membros do mesmo partido eram autores originais das peças teatrais que Anselmo tinha filmado. Foi o bastante para o governo dos militares proibir a exibição do filme “Vereda da Salvação e qualquer menção ao mesmo. Anselmo levou o filme clandestinamente para o Festival de Cinema de Berlim. O filme ficou empatado no primeiro lugar com “Alphaville”de Jean-Luc Godard. Um japonês, membro do júri, informou a Anselmo que o jurado brasileiro tinha votado contra o filme e que talvez se ele falasse com ele poderia reverter o voto. Anselmo argumentou com o brasileiro que o que estava em jogo não era se ele gostava dele ou do filme, mas o futuro do Brasil, que o filme iria denunciar internacionalmente o que estava acontecendo no Brasil, e se o filme tinha empatado em primeiro lugar tinha seu valor etc e tal... No dia seguinte, Anselmo me informou que esperava no hall do festival a decisão do júri e que viu um brasileiro , membro do corpo diplomático berrando:- “Venceu Goddard, venceu Goddard!”. Para Anselmo este fato foi um dos fatos mais tristes de sua vida. Desde então ele procurou repensar sua vida e se retirar do cinema por um bom tempo...











EMERSON LINKS:

Anselmo Duarte voltou a atuar em “O Caso dos Irmãos Naves”, de Luís Sergio Person, em 1967. Desta vez, contracenando com grandes nomes como Raul Cortez, Lélia Abramo e Juca de Oliveira, não dirigiu e nem roteirizou tal produção. Em suas memórias existem relatos relevantes sobre esse trabalho?

ANSELMO DUARTE JR.:

Anselmo estava retirado e profundamente triste com o cinema brasileiro e os vários grupos e tendências que ele não mais freqüentava ou concordava por motivos políticos e de interesses que ele achava alheios aos seus. O convite do diretor Luis Sérgio Person, foi um alento para sua vida e uma boa causa para sair de casa, afinal o filme tinha a ver com as causas que ele acreditava. Desde “Sinhá-Moça” que lhe deu seu primeiro prazer em atuar verdadeiramente, porque o papel que desempenhava, alem de galã, era um defensor da abolição da escravatura.

O Raul Cortez confirmou em depoimento que o Anselmo levava tão a sério seu papel de policial torturador que chegou a ferir seu corpo em algumas cenas...

Anselmo disse: -“Eu estava tão convicto do meu papel e o Person pedia tanta autenticidade que acho ter exagerado algumas vezes... kkk”  Ele riu.

O filme venceu vários festivais de cinema e foi nominado ao Grand Prix no Festival de Moscou (1967). Anselmo comentou que o filme foi o que lhe proporcionou as melhores criticas como ator e dizia:- “O povo adora um vilão... mesmo que seja um galã!








EMERSON LINKS:

Incrivelmente, Anselmo Duarte participou de um novo trabalho ligado ao rock and roll, sendo que, na ocasião, era sobre artistas da jovem guarda. Em “Juventude e Ternura” (1968), Anselmo apareceu ao lado de nomes como Wanderlea e Bobby Di Carlo, sucessos na época e que marcaram toda uma geração. Existe algum depoimento dele sobre esse filme? E quais são suas memórias sobre esse momento único?

ANSELMO DUARTE JR.:

Durante a ditadura militar no Brasil, Anselmo ficou muito tempo fora da indústria cinematográfica e precisava sobreviver, ele não se orgulhava muito de participar de alguns filmes como ator. Aceitava naturalmente e humildemente. Ele dizia que eram ossos do ofício para continuar... E pensando em botar a mão na massa de novo...



Outro lançamento da época:


                                   "Quelé do Pajeú", filme de 1969.



EMERSON LINKS:

Ele voltou a dirigir em “Um Certo Capitão Rodrigo” (1971). Como foi esse trabalho? Qual foi a repercussão?

ANSELMO DUARTE JR.:

Ele estava muito animado e viveu no sul do Brasil por um bom tempo fazendo a pré-produção e as filmagens.  Neste Período tive pouco contato com ele. Mas neste filme nasceu uma longa amizade e uma parceria profissional dele com o ator Tarcísio Meira.

EMERSON LINKS:

Anselmo logo voltou novamente em um filme sobre a história do Brasil, “Independência ou Morte”, aqui, como ator e roteirista. O que você achou desse filme na época e como acredita que ele repercute nos tempos atuais?

ANSELMO DUARTE JR.:

Anselmo elaborou o roteiro com o Lauro Cesar Muniz e o diretor Carlos Coimbra. Uma produção do Oswaldo Massaini que tinha apoio do governo federal através da recém-criada Embrafilme. Visitei o set de filmagem uma ocasião no Rio quando eu tinha 18 anos, meu pai estava feliz por fazer o papel de Gonçalves Ledo, Maçom, que teve grande influência nos rumos para a independência do Brasil. No caminho para o local ele me contava a história dos vários personagens da história do Brasil e do seu prazer naquele trabalho. A amizade dele com Tarcísio Meira e Gloria Menezes que faziam os papéis respectivamente de Dom Pedro I e a Marquesa de Santos se consolidou nesta época.






EMERSON LINKS:

Em “O Descarte” (1973), com Gloria Menezes e Ronnie Von no elenco, seu pai voltou a dirigir um filme dramático dando um tempo nos filmes históricos. Aqui, ele dividiu o roteiro com Flavio Vieira. Quais foram suas impressões sobre este filme?

ANSELMO DUARTE JR.:

Sempre que estava no Rio de Janeiro fora de sua casa em São Paulo ele entrava em contato e íamos encontrar com ele, eu e minha irmã Lydia. Estive no set deste filme numa ocasião na Barra da Tijuca no Rio e presenciei algumas filmagens.



                             Gloria Menezes e Ronnie Von.


EMERSON LINKS:

Um novo momento de Anselmo Duarte como ator foi em um filme de Carlos Manga, “O Marginal” (1974), dividindo cenas com Tarcísio Meira, então novo galã da época, e Darlene Gloria, a atriz revelação do cinema nacional, que saiu de cena no auge da carreira. Você se recorda deste filme? Que comentários poderia tecer à respeito?

ANSELMO DUARTE JR.:

Não tive contato com meu pai nesta época, estava viajando pela America do Sul.







Filme lançado em 1979.


EMERSON LINKS:

Em 1979, Anselmo Duarte participou da novela “Feijão Maravilha”, na Rede Globo. Como essa experiência que ele relatou a você?

ANSELMO DUARTE JR.:

Meu pai não gostava de televisão nesta época, muito menos novelas, achava algo menor que o cinema, e na verdade ainda havia poucas produções bem feitas, talvez hoje ele ficaria surpreso ao ver o bom nível das boas coisas em dramaturgia que a TV brasileira tem feito. Fez a novela porque o roteiro era uma certa “homenagem” aos filmes da Atlântida e da Vera Cruz e seus atores. No elenco estavam vários amigos desta época e ele topou participar. Ele não tinha boas recordações deste evento, achou ridículo. Inclusive ele e seu papel.

Ainda negociava com a TV – Globo e com o produtor Oswaldo Massaini pelos seus direitos autorais para exibir “O Pagador de Promessas” na TV e outros filmes que ele foi protagonista, roteirista, etc...

Foi uma época que ele teve que ceder por total falta de trabalho... Ele sempre se arrependeu, apesar da boa vontade do Diretor Geral da Globo, Walter Clark. As negociações foram feitas pelo Boni direto com o produtor Massaini que não agradaram nada Anselmo.






EMERSON LINKS:

Segundo wikipédia, o último trabalho de Anselmo Duarte como ator foi “Brasa Adormecida”, de Djalma Limongi Batista, lançado em 1986. Quais as memórias dele sobre essa experiência?

ANSELMO DUARTE JR.:

Por intermédio de minha mãe, Ilka Soares, que trabalhou também no filme soube que ele estava muito feliz e foi uma boa ocasião deles se encontrarem, profissionalmente. Ele sempre achou o argumento, roteiro e o produto final bem interessante e bem realizado.




EMERSON LINKS:

Você já pensou em se associar a outros talentos, produzindo histórias / projetos promissores ou pretende parar por aí?

ANSELMO DUARTE JR.:

Estou focado em projetos que tenham em sua essência a documentação, pesquisa e divulgação de uma outra face que a TV e o cinema não revelam. Divulgar a história de um pequeno núcleo de pessoas nos confins do Brasil até as grandes cidades onde há muitos que trabalham para meios de vida diferenciados que priorizam a ecologia, educação, tolerância e o futuro do planeta terra.




EMERSON LINKS:

Foi uma surpresa para parte do público saber que no resto do país, conforme aponta a última matéria do blog sobre várias produções independentes que não recorreram a Lei Rouanet e editais? Surpresa, pergunto, na questão de os temas serem ricos e urgentes, afinal, diferentemente do que acontece no mainstream só temos ultimamente a opção de assistir filmes com comediantes de stand up (Paulo Gustavo ou Leandro Hassum), atores da Globo protagonizando dramas sobre casais e solteiros que são fracassados no amor ou mesmo fórmulas demasiadamente desgastadas.

a)Você pretende assistir essas produções independentes citadas no blog A BÍBLIA DO CINEMA, como é o caso do longa O DIÁRIO DE UM EXORCISTA? (Tenho observado ao entrevistar todos os diretores aqui, que não há união, quando deveria haver, não há intercâmbio quando o certo seria isso).

b)Você acredita que esse movimento possa se tornar forte a ponto de influenciar as grandes produtoras a investir nos novos talentos?

ANSELMO DUARTE JR.:

Como afirmei anteriormente:

A)   Não tenho interesse por este “mainstream” da produção cinematográfica atual, apesar de achar honesto o trabalho dos atores e profissionais que nela labutam.

B)   Acho interessante qualquer trabalho no cinema ou na TV ou na internet que tenha como prioridade a história do país e o comportamento atual de nossa sociedade de uma forma real. Esses são bons argumentos para o cinema defender ou questionar.

C)   Acho que a leva de filmes brasileiros atuais, fora raras exceções, é justamente uma leva, que em bom português quer dizer bando, facção e até revoada, segundo Houaiss.




EMERSON LINKS:

Sobre a polêmica em torno da extinção do Ministério da Cultura e CPI da Lei Rouanet o que você teria a declarar momentaneamente?

ANSELMO DUARTE JR.:

Acho que o pais não precisa de um Ministério para cuidar da Cultura. Sou pragmático e acho que poucos ministérios resolveriam vários problemas do país, inclusive um só, o da Educação, que cuidaria disto. Mas... Isto é uma outra conversa. O ANCINE e a Lei do AudioVisual” é um bom exemplo do que se pode fazer em favor do cinema, do teatro, das artes em geral sem precisar de um “Ministério” da Cultura.




EMERSON LINKS:

Fale um pouco de seu trabalho do dia a dia, como sobrevive no mercado e planos para o futuro.

ANSELMO DUARTE JR.:

Depois de uma etapa nas TVs Globo, Bandeirantes, Manchete, jornalismo, filmes, eventos e documentários, entrei firme na publicidade há 20 anos e assim tem sido. Moro em Natal há 12 anos e esta atividade profissional foi atingida duramente pela crise econômica que o país vive. Meus planos são para amanhã, quando acordo, e confio na plena recuperação do Brasil todos os dias, tenho feito minha parte com honestidade e dedicação.

EMERSON LINKS:

Quais são suas influencias como diretor?

ANSELMO DUARTE JR.:

A energia do John Huston, a alegria do Chaplin e Billy Wilder, o mistério do Polanski, a técnica de Spielberg, a verdade do Scorcese e Altman e a luta, criatividade e  resiliência dos cineastas brasileiros.


John Huston.

Martin Scorsese.

Robert Altman.

... E o citado Steven Spielberg.



EMERSON LINKS:

Cite um ou mais injustiçados do cinema brasileiro.

ANSELMO DUARTE JR.:

Person e Anselmo Duarte.


 Anselmo na essência da labuta.




Luís Sérgio Person.
  

EMERSON LINKS:

Que conselho você daria a um profissional que esteja, agora, iniciando um projeto de cinema, hoje, baseando-se na sua experiência e exemplo como profissional da classe?

ANSELMO DUARTE JR.:

Profissional da classe de carteirinha jamais fui ou serei. Estou aberto a quaisquer negociações no âmbito da comunicação social. Recomendo aos iniciantes acreditarem nos seus ideais e procurarem parcerias, diálogo entre os amigos e colegas. O bom cinema é feito de boas idéias e cúmplices dedicados para levar entretenimento de qualidade que tenha a preocupação de insinuar ideais democráticos com profundidade social e cultural que transformem nossa sociedade para um futuro melhor.




EMERSON LINKS:

Revele qual pergunta gostaria que lhe fizesse numa entrevista e ainda não foi feita, até então.

ANSELMO DUARTE JR.:

Pergunta não faltou, falta tempo para responder tudo. É muuuuita história que me foi revelada. O melhor é ver o documentário “De Salto para o Cinema” – A história do cineasta Anselmo Duarte. Valeu!

Grato.

Obrigado, Emerson “Links”.









PARA SABER MAIS SOBRE ANSELMO DUARTE

https://pt.wikipedia.org/wiki/Anselmo_Duarte

https://oglobo.globo.com/cultura/corpo-do-cineasta-anselmo-duarte-sepultado-em-sua-cidade-natal-3163529

http://terceirotempo.bol.uol.com.br/que-fim-levou/anselmo-duarte-5252

http://www.imdb.com/name/nm0239063/

http://www.adorocinema.com/personalidades/personalidade-9302/filmografia/

http://veja.abril.com.br/entretenimento/anselmo-duarte-vencedor-da-palma-de-ouro-morre-aos-89-anos/

http://acervo.estadao.com.br/noticias/personalidades,anselmo-duarte,901,0.htm

http://rollingstone.uol.com.br/noticia/morre-anselmo-duarte-diretor-de-o-pagador-de-promessas/

http://historiasalto.blogspot.com.br/p/anselmo-duarte.html

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/especial/fj030513.htm

https://salto.sp.gov.br/site/?p=11091



Anselmo Duarte, a maior lenda do cinema.






FILMOGRAFIA BÁSICA DO ARTISTA. CONFIRA NO YOU TUBE CLICANDO NOS VIDEOS ABAIXO RELACIONADOS:

Carnaval no Fogo (1949)

Maior que o Ódio (1951)



Tico-Tico no Fubá (1953)

O Diamante (1955)


Absolutamente Certo (1957)



O Pagador de Promessas (1962)

Anselmo recebe a Palma de Ouro em Cannes. (1962)



O Caso dos Irmãos Naves (1967)

Juventude e Ternura (1968)

Quelé do Pajeú (1969)

Um Certo Capitão Rodrigo (1971)

Independência ou Morte (1972)


 
O Marginal (1974)



                                                    Assim Era a Atlântida (1976)




Os Trombadinhas (1979)









DEPOIMENTOS:

Gloria Menezes discursa sobre Anselmo Duarte (Parte 1)

Gloria Menezes discursa sobre Anselmo Duarte (Parte 2)



Anselmo Duarte - Uma História de Ouro (Parte 1)



Anselmo Duarte - Uma História de Ouro (Parte 2)



Anselmo Duarte - Uma História de Ouro (Parte 3)



Anselmo Duarte - Uma História de Ouro (Parte 4)



Matéria sobre Anselmo Duarte (TV TEM - De Ponta a Ponta)