quinta-feira, 23 de agosto de 2018

LONGA-METRAGEM "CIDADE DORMITÓRIO" - ENTREVISTAS COM DIRETOR E ELENCO NA NOITE DE ESTREIA

  Na postagem anterior, todos os leitores do blogger puderam conferir a matéria que escrevi sobre o novo filme do cineasta gaúcho Evandro Berlesi, lançado no dia 10 de agosto do ano corrente, no Teatro Bruno Kiefer, Casa de Cultura Mário Quintana, em Porto Alegre, capital gaúcha. Agora, divido com vocês as entrevistas exclusivas que realizei com alguns atores e o diretor alvoradense. Se puderem comentar depois no final desta página, ficarei muito grato e obviamente continuarei a realizar outros trabalhos de cobertura como este a fim prestigiar os grandes talentos.

JÁ DISPONÍVEL NO YOU TUBE:

 O DISCURSO DE ABERTURA. (Clique em cima da imagem e assista).

ENTREVISTAS COM OS ATORES DO FILME. (Clique em cima da imagem e assista)

A ENTREVISTA COM O CINEASTA. (Clique em cima da imagem e assista)



ALGUNS FLAGRANTES DA NOITE DE ESTREIA
Parte do cast  e cineasta posando para os fotógrafos num momento de descontração após a exibição do filme.

O ator Edimilso Silva.

A atriz Milena Pilau e Evandro Berlesi.

O veterano ator de longas-metragens e comerciais, Sirmar Antunes.

Lesi Morato e Marcelo Maresia, numa das sequências do filme.

Anita Dal Moro e Martina Pilau em uma cena dramática.

Anderson Dravasie, o protagonista do longa anterior, "O Maníaco do Facebook", prestigiando o evento.

Nunes Miguelangelo que interpreta o político mal intencionado, presente na estreia.


O LEITOR PODERÁ OBTER UMA COMPREENSÃO MAIOR SOBRE ESSE LANÇAMENTO DIRIGINDO-SE A POSTAGEM ANTERIOR ONDE CONSTA A MATÉRIA QUE ESCREVI DE FORMA MINUCIOSA E IMPARCIAL. (Acreditem!)

sábado, 11 de agosto de 2018

CIDADE DORMITÓRIO, NOVO LONGA-METRAGEM DE EVANDRO BERLESI EXPÕE A POLÍTICA DOS CIDADÃOS OPORTUNISTAS

Cineasta com jeito de artista pop pós-nerd e visual meio geek, Evandro Berlesi, lança sua nova produção, desta vez, destacando-se mais como diretor e colocando a mão na frase que não quer calar na mente de cada brasileiro que enfrenta uma crise interna de valores morais: "A gente Somos Inúteis".

Evandro em "estado natural", em seu programa de TV.

A atriz Martina Pilau posa para o cartaz do making of.


Texto: Emerson Links.


   Pra começo de conversa, nem o frio do então inverno rigoroso de Porto Alegre impediu que eu recusa-se o convite de estreia do filme de uma persona que eu considero responsável pelo novo cinema gaúcho (e por que não?, brasileiro) do século XXI. Evandro Berlesi, nosso entrevistado do ano passado, é um cineasta independente, autodidata (diga-se de passagem), que lidera um movimento e uma produtora (o grupo ALVOROÇO) que realiza filmes ambientados na própria região que habita (no caso, Alvorada, cidade da região metropolitana, também conhecida como uma das  mais violentas da América Latina). Pois bem. Antes de avançar nas principais considerações Considero-me qualificado para fazer tal elogio acima. Não pelos cerca de 3 filmes que assisto por dia (o que em um ano totaliza-se 900 filmes assistidos), nem pelo meu trabalho obsessivo sobre a história do cinema (que resultará no livro A BÍBLIA DO CINEMA, como também, outro grande trabalho multimídia a BÍBLIA DO ROCK me consumiram 19 anos em diversas pesquisas e captações de imagens, afinal eu estava reconstituindo seis décadas de música). Maiores detalhes sobre meus projetos, o leitor poderá pesquisar em meus blogs, especialmente o não citado Fabrica de Roteiros. Por outro lado, minha dedicação profunda em estudar meticulosamente, entrevistar e biografar todos os sobreviventes da Sétima Arte (referindo-me a BÍBLIA DO CINEMA) me alavancou para uma estratosfera jamais imaginada. Porém, levando em conta que o cinema tem mais de cem anos de história e ainda sou um pouco jovem seria impossível eu ressuscitar todos aqueles que partiram antes para eu me autoproclamar o mais completo possível (e, óbvio que isso não existe, o que existe é você ser o melhor naquilo que sabe fazer profissionalmente e compartilhar isso para com os demais). Em compensação, sem vaidade pessoal, concluo que viverei um pouco mais (se Deus e as forças cósmicas permitirem) para conhecer os novos talentos da história do nosso cinema. Nem por isso deixei de conhecer, em tempos remotos, os pioneiros que, até então, estavam vivos como Nelson Pereira dos Santos, Roberto Farias e, sobretudo o grande pesquisador Antonio Jesus Pfeil, e assim por diante. Vale dizer que meu senso crítico independente (apolítico) e o compromisso de fazer um jornalismo investigativo se tornaram mais úteis que centenas de cursos que fiz durante minha trajetória audiovisual (ainda em construção). São coisas que sempre me ajudaram a filtrar, separar o joio do trigo, "este daquele", afinal o meio artístico (beneficiado pelas maravilhas da tecnologia mais democráticas em nível de produção) igualmente abriu as portas para aventureiros, canastrões e celebridades instantâneas. Com tantos jovens que se formam em universidades e sequer criam coragem para tocar adiante seus projetos, não muito longe deste hemisfério, surgem os "novos desbravadores" ou simplesmente videomakers, que cresceram juntamente com o fenômeno da comunicação chamado internet e que fizeram parte de uma geração cerebral e analógica, cujo o culto pelo "sentimento de descoberta" acabou sendo compartilhado, aprimorado e transformado em algo "original". Claro que existem algumas exceções no atual circuito acadêmico, mas o que a história tem mostrado é que os autodidatas e independentes estão ganhando de goleada do mainstream. Se o brasileiro comum se conforma com as comedias descartáveis e repetitivas, as chatices intimistas dirigidas por determinados atores consagrados ou ainda com os "filmes com pura masturbação ideológica que se acham moderninhos", vai descobrir que o cinema do século XXI pode ser muito mais que isso ao assistir filmes que rompem a mesmice como "Alice Diz", de Beto Rôa, "A Noite dos Chupacabras", de Rodrigo Aragão, "Desaparecidos", de David Shurmann, "A Repartição do Tempo", de Santiago Dellape, e finalmente o já mencionado Evandro Berlesi com seus últimos longas produzidos entre 2015 e a presente data (respectivamente "O Maníaco do Facebook" e "Cidade Dormitório"). Sim, estes últimos filmes, porque é neles que reside a fase que considero mais amadurecida do trabalho deste cineasta, que abordarei nesta nova matéria.

Evandro Berlesi na noite de estreia, numa sexta-feira, dia 10 de agosto de 2018, Teatro Bruno Kiefer, CCMQ, Porto Alegre-RS.

Evandro dirigindo atores do novo longa.

Os colaboradores voluntários de uma das sequências do filme.

Nunes Miguelangelo em cena e, em primeiro plano, outro personagem da história.

Edimilso Silva em um papel surpreendente, porém "econômico". Merecia maiores vôos na história.


ANÁLISE SEM SPOILER.

  Indo direto ao ponto. "Cidade Dormitório" é um drama de costumes que retrata a hipocrisia de uma população que existe em qualquer parte do país, ou seja, o filme poderia ser ambientado em qualquer metrópole, pois os variados núcleos sociais encontram ressonância de tal natureza onde quer que a câmera vá. Outra coisa. Por mais que negue durante seu discurso de agradecimento, antes da exibição do longa-metragem, Evandro não abandonou o seu humor pop cult (de criticar a ignorância cultural das pessoas de um modo geral). Neste novo trabalho, as passagens piadistas são apenas mais econômicas que nos filmes anteriores, pois ficam embutidas e prontas para brilhar no momento mais tenso em que uma situação de determinados personagens esteja prestes a explodir. Como também sou cineasta, roteirista e jornalista (também já fui ator), acredito que nosso subconsciente sustente diversas influências e que em algum trabalho normalmente sempre acabamos homenageando com uma nova embalagem, mas isso não significa que haja ausência de originalidade, apenas transformamos as lições do passado em algo maior. Em "Cidade Dormitório", Berlesi, talvez sem se dar conta, traz à tona citações que vão de Woody Allen a Jim Jarmusch. Personagens muito humanos e com muitos defeitos para com o próximo, mas que nunca esbarram no engajamento ideológico gratuito e transitam cada qual em seu habitat (diversas localidades são mostradas na tela no decorrer da película. O diretor não possui apenas o talento de realizar um filme com orçamento mísero e se parecer com qualquer produção modesta do cinema nacional, ele também consegue transformar atores amadores em artistas promissores. Palmas para o ator (Nunes Miguelangelo) que interpreta o político corrupto (que se sobressai mesmo sem um currículo nas mãos) e a menina (Anna Karolina Oliveira) que faz a personagem Kelly, que sofreu assédio sexual do próprio pai, na trama. São momentos em que um realizador mostra o quão realmente é possível fazer de um limão uma boa limonada. Poucos atores parecem perdidos justamente por aparecerem muito pouco em cena e, por esse motivo sempre real e concreto em demais produções, nada chega a comprometer o produto final da obra. Nesta versão estendida de "Cidade Dormitório" muitos momentos soam dispersos nem por isso irrelevantes (o Canal Brasil recusou o filme no primeiro contato - me corrijam se for o caso - mas posteriormente fechou com um novo acordo). Não creio que o canal tenha sido justo. Apesar dos pesares pesando, Berlesi atinge a sutileza que o roteiro propõe, mesmo se tornando irregular na versão exibida na tela do Teatro Bruno Kiefer.

Anita Dal Moro, em seu segundo filme do grupo Alvoroço.


O estreante Nicolas Vargas faz um jovem que se relaciona com uma mulher mais velha.

A dupla formada por Fabricio Miranda e Chuck.

  Navegando pelas mesmas águas, faço questão de se referir a mim mesmo e vocês logo entenderão a motivação, afirmando que é comum o diretor sentir pena de cortar essa ou aquela cena. Sei disso porque a primeira versão que escrevi para o roteiro de "O Amor nos Tempos da Internet" tinha 420 páginas e que tive que reduzir, pelo menos, para 160 (em breve será lançada em livro e futuramente em filme), mas, em caso de outras produções, não muito comum no cinema nacional, a metragem mais longa esclarece duvidas que sempre ficam quando assistimos uma versão condensada nos cinemas. Por exemplo, "Memórias do Carcere", de Nelson Pereira dos Santos, é um filme nacional, produzido em 1983 e lançado em 1984, com três horas de duração. Na época, quando exibido nos cinemas ninguém reclamou de sua duração. Internacionalmente falando, o oscarizado "Amadeus", peça de teatro transformada em filme sobre o relacionamento do músico Salieri com Mozart, fica melhor na versão estendida lançada em DVD / Blu-Ray. Recentemente assisti filmes musicais que ficaram bem melhor em sua metragem ampliada, caso de "Os Embalos de Sábado a Noite", com John Travolta, lançado em 1977 (que pode ser baixado pelo site Memória da TV). "The Doors" ficaria excelente com suas cenas cortadas, entre outros. O espectador sempre merece mais e isso independe do filme ser musical ou não, o que, de fato, importa são os bônus que o consumidor cinéfilo tanto ama. Enfim, existem muitos exemplos que eu poderia citar aqui sobre "a versão do diretor" e suas vantagens em matéria de entretenimento, mas devido as circunstâncias de ocasião, eu só posso emitir opinião ou análise sobre a versão de "Cidade Dormitório", conferida em sua estreia na última sexta-feira, em Porto Alegre.


Lesi Morato, em um papel de destaque no longa-metragem.

Cenas selecionadas pelo realizador.


Lucas Sampaio, em cena livre.


  Tudo que eu disse continua valendo, entretanto, imaginei que encontraria um filme com ritmo vertiginoso, o que não exclui suas qualidade principais, entre elas de convidar o espectador a deitar no dormitório e refletir sobre uma sociedade que pouco evoluiu moralmente desde o século XX (o filme mostra o egoísmo universal, os vícios materiais e a descrença num futuro existencial). Muito boa a presença da atriz Lesi Morato e da já citada Martina Pilau, e também dos atores que participam do equilíbrio racial do elenco, Edimilso Silva (revelando-se versátil) e Sirmar Antunes (este um veterano de vários longas, entre eles, "Neto Perde sua Alma"). Também foi uma feliz ideia de Evandro transformar seu apreço pelos animais em uma das histórias contadas (o filme não oferece um protagonista único e sim múltiplos seres em conflito e demasiadamente fragmentados), lembrando que muito tempo atrás o cineasta publicou fotos em seu Facebook resgatando um gatinho preto, que havia sido jogado dentro de um bueiro há alguns metros de sua residência. (Então pergunto: alguém consegue imaginar algum ator de TV fazendo isso sem partir para o artifício de virar manchete mais pelo sensacionalismo que pelo ato benevolente?). Daí em diante, confesso que passei a admirar o "cidadão" Evandro Berlesi e não apenas o cineasta propriamente dito. Claro que outros "profissionais" possivelmente também resgatariam o bichinho, mas a grande maioria passaria em branco. Os maus tratos para com os gatinhos e cachorros são um dos fios condutores do filme, culminando no final à la Frank Capra (mestre do cinema clássico que realizou filmes onde o bem sempre vence o mal, mas apresentando uma lição de modo inteligente). A diferença é que, em "Cidade Dormitório", Evandro Berlesi se transforma em um Frank Capra dos pampas, porém, um benevolente nada conservador, que nunca abandona o humor que só existe mesmo no Rio Grande do Sul (afinal são poucos que conseguem entender o significado das expressões no resto do país). Nas entrelinhas, na dupla cômica de personagens que adere a corrupção, em troca de bebidas para uma festa com amigos, mostra que a "balaca" (ou balaquice) ainda é uma atitude muito peculiar entre os gaúchos. No caso dos tipos, rola uma "balaca dos trouxas", que se acham muito espertos e que, consequentemente, por linhas tortas (põe linhas tortas nisso), acabam se dando bem (sem spoilers). Em contrapartida, Berlesi abre mão de se aprofundar nos conflitos entre os casais, a fim de não perder o foco no individualismo gritante de boa parte dos personagens. Melhor assim.

O elenco reunido na estreia.

  E pra fechar essa minha primeira análise sobre o longa-metragem em questão, outra coisa que apreciei muito foi o realizador não cometer o deslize de usar o título de um trabalho já existente, já vimos isso com filmes como "Sem Saída", "Presença de Anita" (no caso de uma série que usou o mesmo título de um clássico do cinema nacional), etc. Já existe um longa chamado "O Dormitório", de Rachel Talalay, e Evandro Berlesi foi prudente ao batizar seu novo trabalho de "Cidade Dormitório". Embora o filme de Rachel seja uma produção americana, creio que rebatizar com título em português de uma obra já existente é uma tremenda bola fora dos realizadores brasileiros da atualidade. Evandro, neste caso, brindou o público com um nome composto que, embora seja anticomercial, oferece sua simpática singularidade.




Assista no you tube o tease do longa "CIDADE DORMITÓRIO".






AS ENTREVISTAS EXCLUSIVAS QUE FIZ COM OS ATORES DO FILME PODERÃO SER ASSISTIDAS NA PRÓXIMA POSTAGEM DESTE BLOG. AGUARDE PARA BREVE.



UMA CURIOSIDADE: CIDADE DORMITÓRIO TAMBÉM É O NOME DE UMA BANDA, PORÉM, O PRÓPRIO EVANDRO BERLESI JAMAIS TOMOU CONHECIMENTO SOBRE ISSO. rsrsrs E NEM TAL BANDA FAZ PARTE DA TRILHA SONORA DE SEU FILME. 


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