domingo, 2 de dezembro de 2018

INTERVIEW WITH AMERICAN ACTOR DENNIS HAYDEN - ENTREVISTA COM O ATOR AMERICANO DENNIS HAYDEN

Today, I take pleasure in interviewing a foreign actor of many movies you may have seen. Movies like "Die Hard" (1988), "Action Jackson" (1988), "A Way with Murder" (2009), "Race to Witch Mountain" (2009) or even "Night of The Living Dead 3D - Re-Animation" (2012). While many actors in Brazil are banking stars without even filming a film of respect, Hayden is an example of simplicity and generosity (one of the qualities that reminds me much of the renowned filmmaker François Truffaut). He is the type of actor who, when well observed, reminds us of an artist's universal thinking: "There is not a character size in a movie but the degree of talent that you present during the job accepted." This is the logic of interpretation in any segment and this is the logic of Dennis Hayden. Check everything out in this special weekend interview. (EMERSON LINKS, filmmaker and writer, author of the upcoming book and movie "Love in The Times of The Internet").

Tradução: Hoje tenho o prazer de entrevistar um ator estrangeiro de muitos filmes que vocês já devem ter assistido. Filmes como "Duro de Matar" (1988), "Action Jackson" (1988), "A Way With Murder" (2009), "A Montanha Enfeitiçada" (2009) ou mesmo "A Noite dos Mortos-Vivos 3D: Reanimação - O Início do Fim (2012). Enquanto muitos atores no Brasil bancam estrelas sem sequer acumularem uma filmografia de respeito, Hayden é um exemplo de simplicidade e generosidade (uma das qualidades que me lembra muito o renomado cineasta François Truffaut). Ele é o tipo de ator que, ao ser bem observado, nos faz lembrar o pensamento universal de um artista: "Não existe um tamanho de personagem em um filme e sim o grau de talento apresentado por você durante o trabalho aceito". Essa é a lógica de interpretação em qualquer segmento e essa é a lógica de Dennis Hayden. Confira tudo, agora, nesta entrevista especial de fim de ano.  


EMERSON LINKS

Naturally, let's start by talking about your career before idealizing the first feature film of your acting career. Have you always wanted to do this kind of work in film or had you in mind to improve on another segment?

Tradução: Naturalmente, vamos começar falando sobre sua carreira antes de idealizar o primeiro longa-metragem de sua carreira como ator. Você sempre quis fazer esse tipo de trabalho em filme ou tinha em mente melhorar em outro segmento? 

DENNIS HAYDEN

I grew up in Kansas on a pig farm my Dad was an alcoholic from his years in W.W. 2. So we were very poor. When I turned 6 my Mom took me to the little School by theChruch and interduce me to the Nun's who taught school when the head Nun saw me she said UOO what a big one. I remember thinking Mom this isn't good get me out of here. She didn't so my first day of school the Nun's said you are to big to play with the other children and made me stay in while the other kids got to play. Not knowing what to do with me they made me do one man skits (plays) to entertain the Nuns. And one day my brother brought home a tv from the junk yard and made it work and the first show I saw was called the Whiley Birds and my brother said those Actors make good money doing that and I said I do that every day at school, and that's what I'm going to do when I grow up.

Tradução: Eu cresci no Kansas em uma fazenda de porcos, meu pai era um alcoolatra há muito tempo. Então éramos muito pobres. Quando eu completei 6 anos, minha mãe me levou para a pequena escola perto da Igreja e me apresentou para a freira que me ensinou. Quando a freira-chefe me viu disse "uau", que grande. Eu me lembro de ter falado a mamãe que aquilo não era bom para mim: "tire-me daqui". Ela não estava ciente de que no meu primeiro dia de aula a freira disse que eu era grande demais para brincar com as crianças e me fez ficar enquanto as outras crianças tocavam. Não sabendo o que fazer comigo, eles me encarregaram de fazer esquetes para entreter as freiras. E um dia meu irmão trouxe para casa uma TV que encontrou no depósito de lixo e o primeiro programa que vi foi "Whiley Birds" e meu irmão disse que esses atores ganhavam dinheiro fazendo isso e eu disse que fazia isso todos os dias na escola, e é isso que pretendia fazer quando crescesse.      

EMERSON LINKS
  
What are your biggest memories about the history of cinema?

Tradução: Quais são suas maiores lembranças sobre a história do cinema?

DENNIS HAYDEN

Going to the Drive In movies and seeing those actors bigger than life, was very impressive.

Tradução: Indo ao cinema de Drive-In, os atores eram maiores que a vida, era deveras impressionante.



EMERSON LINKS
   
What are your influences on film, such as film genres, actors and directors?

Tradução: Quais são suas influências no cinema, como gêneros cinematográficos, atores e diretores?

DENNIS HAYDEN

Steve McQueen was one of my favorite Actors and when I first went to California he was one of the first people I met and got to hang out with. Later  I got to work with Sam Peckinpah on Osterman Weekend, I worked on editing his personal cute of the film , called a dirty dup.

Tradução: Steve Mcqueen foi um dos meus atores favoritos e quando fui para a California pela primeira vez, ele foi uma das primeiras pessoas que conheci e comecei a sair. Mais tarde, eu comecei a trabalhar com Sam Peckinpah no filme "The Osterman Weekend". Eu trabalhei na edição, seu pessoal era muito querido, chamado de "dirty dup".
EMERSON LINKS    

Have you ever thought about following the artistic career, even in different spheres, such as "I'm going to try myself as a musician" or even something of the level of a journalist inserted in the cultural circuit? 

Tradução: Você já pensou em seguir carreira, mesmo que em diferentes esferas, tipo "Eu vou tentar carreira como músico" ou mesmo algo do nível de um jornalista inserido no circuito cultural?


DENNIS HAYDEN


My older brother Bill always had a band, so I used to play Bass with him, I sang backup on Tanya Tucker’s album TNT. I also sang on John Schneider’s album. I have worked as a producer grip and all aspects of movie making. I rewrote One Man Army for the Director while filming in the Philippines.

Tradução: Meu irmão mais velho, Bill, sempre tinha uma banda, então eu costumava a tocar baixo com ele. Eu cantava backup no álbum de Tanya Tucker, "TNT". Eu cantei no álbum de John Schneider. Eu trabalhei como produtor em todos os segmentos do cinema. Eu reescrevi "One Man Army" para o diretor enquanto filmava nas Filipinas.


Dennis Hayden and Matthew Perry.


EMERSON LINKS


Could you tell us about your first steps in your career, before you became a commercial actor?

Tradução: Você poderia nos contar sobre seus primeiros passos em sua carreira, antes de se tornar um ator comercial?


DENNIS HAYDEN


When I was in Kansas all I knew how to do was farm, so I learned the carpenter trade before I set out on my quest to be an Actor so I could support myself, I found myself helping build sets for small theater in Hollywood, and the Director of one of the plays said you look like a movie star you should be in this play and I said that is my goal and from there Directors showed up for the play’s and started hiring me to do TV and films and commercials.

Tradução: Quando eu estava no Kansas tudo o que eu sabia fazer estava na fazenda, então aprendi o ofício de carpinteiro antes de começar a minha missão de ser ator para poder me sustentar. Eu me encontrei ajudando a construir cenários para pequenos teatros em Hollywood, e o diretor de uma das peças disse "você parece uma estrela de cinema e que deveria estar nesta peça". E eu disse que essa era a minha meta e por lá os diretores apareceram para a peça e começaram a me contratar para fazer filmes, comerciais e TV. 
EMERSON LINKS


His first major film appearance was in the movie "Die Hard" (1988). Tell me about working with Bruce Willis?

Tradução: Sua primeira grande aparição no cinema foi no filme "Duro de Matar" (1988). Me fale sobre trabalhar com Bruce Willis?


DENNIS HAYDEN


Bruce was awesome to work with when he showed up for work he always had a grin on his face like he was thinking something funny and usually he was a very talented funny Man. Too bad I never got to work with him again.  I tell the story that Eddie my character in Die Hard#1 didn’t die when he got shot in the head it just knocked him out cause of a steal plate he had in his head from the War, he woke up in the middle of all the chaos and stuck to the original plan and stole an emergency vehicle and mad his escape to South American where He’s been planning revenge on Bruce AKA John McLane and He comes back in Die Hard 6 and kill every servicer in all the Die Hard sequels and then have John and Eddie battle it out at the end and kill one another and end this Series before John McLane is in a wheel chair.

Tradução: Bruce era incrível de trabalhar, quando aparecia para o trabalho sempre tinha um sorriso no rosto como se tivesse pensando em algo engraçado e, geralmente, ele era um homem engraçado muito talentoso. Pena que eu nunca mais consegui trabalhar com ele novamente. Eu conto a história de que Eddie, meu personagem em "Duro de Matar" não morreu quando foi baleado na cabeça, apenas o nocauteou por causa de um roubo que ele tinha em sua cabeça da Guerra. Ele acordou no meio de todo o caos e foi preso ao plano original e roubou um veículo de emergência e louco por sua fuga para a America do Sul, onde ele está planejando vingar-se de Bruce (John MacLane). Ele volta em "Duro de Matar 6" para matar todos os servidores e todas as sequelas e então John e Eddie têm uma luta no final e matam um ao outro e terminam essa série antes de John Maclane estar em uma cadeira de rodas.

Dennis Hayden, Alan Rickman and Bonnie Bedelia.


EMERSON LINKS   

What were your experiences behind the scenes of this time where genuine idols occupied the place that today is occupied stars manufactured without any vestige of talent?

Tradução: Quais foram suas experiências nos bastidores desta época em que os ídolos genuínos ocuparam o lugar que hoje é ocupado por estrelas fabricadas sem qualquer vestígio de talento?


DENNIS HAYDEN


It was a different time before reality TV star’s being on the set with Charles Bronson and Jeff Bridges. Martin Landau, Nick Nolte, Raymond Burr, Tom Hulce, Harry Dean Stanton, I observed what they brought to their characters and how they prepared.

Tradução: Foi uma época diferente antes do astro do Reality Show estar no set com Charles Bronson e Jeff Bridges. Martin Landau, Nick Nolte, Raymond Burr, Tom Hulce, Harry Dean Staton, eu observei o que eles trouxeram para os seus personagens e como eles se preparavam.  


Dennis Hayden and Tom Hulce (actor, "Amadeus", The Movie). 


EMERSON LINKS


Did you work on TV? Which projects did you participate in?

Tradução: Você trabalhou na TV? Em quais projetos participou?


DENNIS HAYDEN

I did some TV started out on the Soap Days of Our Lives and moved to prime time like Simon and Simon, Crazy Like a Fox Guns of Paradise and many more.

Tradução: Eu fiz alguns programas de TV no "Soap Days of Our Lives" e mudei para o horário nobre como "Simon and Simon", "Crazy Like a Fox Guns pf Paradise" e muito mais. 


EMERSON LINKS


How was the filming of "Another 48 Hrs" with Eddie Murphy?

Tradução: Como foram as gravações de "49 Horas - Parte 2" com Eddie Murphy?


DENNIS HAYDEN

Eddie is a trip he was funny and pleasant to work with every time I would see Eddie all he could do was look at me and laugh and point at me and say Hayden, funny Man.

Tradução: Eddie é uma viagem de tão engraçado e agradável de se trabalhar, toda vez que eu via Eddie tudo o que ele podia fazer era olhar para mim e rir, apontar para mim e dizer, Hayden, cara engraçado.


Dennis Hayden and Nick Nolte.



EMERSON LINKS


Comment on your other work, until you have a new exhibition, in "Race to Witch Mountain", with Dwayne Johnson ("THE ROCK").

Tradução: Comente sobre o seu outro trabalho, até que você tenha uma nova exposição, em "A Montanha Enfeitiçada", com Dwayne Johnson ("The Rock").

DENNIS HAYDEN


The Rock is way cool very nice. Man and a hard worker one day on the set someone said hay big D and I turned to answer and realized they were calling the Rock, and said they used to call me big D in my younger years, so the next morning on the set I was standing waiting for work to start and someone walked behind me and  tapped me on my shoulder and said good morning Big D, and kept walking so when I turned to see who said that it was Dwayne, giving respect to me. What a great guy.

Tradução: The Rock (Dwayne Johnson) é muito legal, muito legal. O cara é um trabalhador duro. Um dia no set  alguém disse Big D e eu virei para responder que estavam chamando The Rock, e disseram que costumavam me chamar de Big D (eu era grande em minha juventude). Na manhã seguinte eu estava no set, de pé, esperando o trabalho começar e alguém caminhou atrás de mim, bateu no meu ombro e disse "Bom dia, BIG D", e continuou andando assim. Quando me virei para ver quem disse era Dwayne, me tratando com respeito. Que cara legal.



EMERSON LINKS

Do you also work as a voice actor in 3D animation films?

Tradução: Você também trabalha como dublador em filmes de animação 3D?

DENNIS HAYDEN


I have done voice over in several films and commercials in the Mini Series  The Triangle I voiced over three different characters in part one, two and three.

Tradução: Eu fiz a voz em vários filmes e comerciais, na mini-série "O Triângulo", onde eu interpretei três personagens diferentes nas partes 1, 2 e 3.



EMERSON LINKS

Is the critic a frustrated artist? Do you know Brazilian cinema? Many filmmakers have stood out internationally and have worked with American actors such as HectorBabenco witch William Hurt ("Kiss of the Spider Woman") and Jack Nicholson ("Ironweed"), José Padilha with Gary Oldman and Samuel L. Jackson ("Robocop") . Do you believe that Hollywood has become more open to foreign filmmakers?


Tradução: O crítico é um artista frustrado? Você conhece o cinema brasileiro? Muitos cineastas se destacaram internacionalmente e trabalharam com atores americanos, como William Hurt ("O Beijo da Mulher Aranha") e Jack Nicholson ("Ironweed"), José Padilha com Gary Oldman e Samuel L. Jackson ("Robocop"). Você acredita que Hollywood se tornou mais aberta a cineastas estrangeiros?

DENNIS HAYDEN


I’m not that that familiar with Brazilian Film’s something I’m looking forward in learning.


Tradução: Eu não estou familiarizado com o cinema brasileiro, mas estou estou ansioso em aprender.




EMERSON LINKS


Have you ever thought of filming in Brazil? Do you know the culture of this country?

Tradução: Você já pensou em filmar no Brasil? Você conhece a cultura deste país?

DENNIS HAYDEN


No, I haven’t filmed in Brazil, but would love too.

Tradução: Não, eu não filmei no Brasil, mas também adoraria.




EMERSON LINKS


Recently, Brazil has undergone an incredible transformation where several corrupt politicians have been arrested, including a President of the Republic (Luiz Inácio Lula da Silva) that ruled the country in the beginning of the 21st century. I note that the United States undergoes a crisis of political consciousness when electing with confused conservative President Donald Trump. What would you have to say about social advances and setbacks at the international level and their reflection in the cinema?

Tradução: Recentemente, o Brasil passou por toda uma transformação incrível, onde vários políticos corruptos foram presos, inclusive um Presidente da República (Luiz Inácio Lula da Silva) que governou o país no início do século XXI. Observo que os Estados Unidos sofre uma crise de consciência política ao eleger presidente o confuso e conservador Donald Trump. O que você teria a dizer sobre os avanços e retrocessos sociais em nível internacional e sua reflexão no cinema? 

DENNIS HAYDEN

I’m not for Reality TV and I’m not for Trump reality your fired bullshit, he has set back our Country in so many bad ways.

Tradução: Eu não sou da TV Reality, não sou Trump e estou fora de suas besteiras. Ele tem atrasado nosso país de tantas maneiras ruins.


Dennis Hayden helping raise money for Social Services with Combat Radio. 

EMERSON LINKS

Who are the artists who have marked the history of cinema?

Tradução: Quem são os artistas que marcaram a história do cinema?

DENNIS HAYDEN


John Wayne, John Huston Marlon Brando, so many great one’s.

Tradução: John Wayne, John Huston, Marlon Brando, outros tantos grandes.



EMERSON LINKS
  
Who are the artists you consider wronged? Examples: actors, directors and writers.

Tradução: Quem são os artistas que você considera injustiçados? Exemplos: atores, diretores e escritores.

DENNIS HAYDEN


William Richert has been wronged by his own union and producers.

Tradução: William Richert foi prejudicado por seu próprio sindicato e produtores.

EMERSON LINKS


With which directors and actors would you like to work in cinema?

Tradução: Com quais diretores e atores você gostaria de trabalhar no cinema?

DENNIS HAYDEN


I like working with Walter Hill, Crage Baxley great action Directors.

Tradução: Eu gostaria de trabalhar com Walter Hill, Crage Baxley e grandes diretores de filmes de ação. 




EMERSON LINKS

What advice would you give to a professional who is now starting a film project, today, based on their experience and example as a professional in the class?

Tradução: Que conselho você daria a um profissional que está iniciando um projeto de filme, hoje, com base em sua experiência e exemplo de profissional no mercado?

DENNIS HAYDEN


Don’t quite your day job to soon, careers take time, always be ready for what come’s your way.

Tradução: Não desistam carreiras levam tempo, sempre esteja pronto para o que vem pela frente.



EMERSON LINKS

I, the interviewer, who is also the creator of a suspense TV series and science fiction, "Dark Blues" and the upcoming film "Love in the Times of the Internet" intends to work with universal themes and international cast. Do you identify with these projects?

DENNIS HAYDEN


I’m not familiar whit either one of these shows.

EMERSON LINKS

Naturally, I only went through them now, first hand. Soon, there will be a wide spread talking about it. Thank you for the interview and I wish you much sucess. Reveal what question you would like me to ask you in an interview, and it has not been done so far. Ask such a question and possible answer.

DENNIS HAYDEN 

Thank You very much.





INTERVIEW BEING EDITED IN REAL TIME. WAIT FOR THE PROMPT TO START READING.

Tradução: ENTREVISTA SENDO EDITADA EM TEMPO REAL. AGUARDE O AVISO PARA INICIAR A LEITURA. 

terça-feira, 30 de outubro de 2018

CARLOS DUCATTI, O HOMEM QUE VEIO DO PLANETA ORION

A obra em questão foi um antidocumentário lançado no underground cinematográfico e que apresentou um cientista que era folcloricamente conhecido pela imprensa gaúcha como "um extraterrestre exilado no planeta Terra". Filósofo, engenheiro, poeta, inventor, paranormal, entre outras coisas, Ducatti fundou o Clube Nova Era, que atraiu associados de peso como Raul Seixas e Jorge Mautner, recebeu uma carta da Nasa e realizou palestras antológicas, mas, sobretudo, popularizou-se como figura pitoresca de Porto Alegre, constando em livros escrito por admiradores e almanaques de humor de circulação no udigrudi brasileiro.


Cena do filme "Carlos Ducatti, o Homem que Veio do Planeta Orion", de Emerson Links que, na época, assinava sob o pseudônimo de Ahmargon D'Arak.




QUANDO UMA EXISTÊNCIA ALTERNATIVA SUPERA A REALIDADE  

Matéria escrita por Emerson Links.

"Eu era muito jovem, tão jovem que não gosto de lembrar. Eu ainda era praticamente uma criança, menor de idade, porém, caí na estrada muito cedo (estilo on the road) e tive a sorte de ser aceito num grupo de intelectuais e contestadores das décadas de 1960 e 1970, batizado de Turma do Parquão (leia-se Turma do Parcão). Se fosse adulto naquela época, hoje eu estaria muito velho, porém, não de um pré-adolescente que estudava teatro, quando conheci essa personagem bizarra e que dizia ter vindo de outro planeta", disse isso em alguma entrevista de algum jornal da cidade há mais de uma década. Virei matéria do segundo caderno de Zero Hora, Correio do Povo, Jornal Última Cena, etc. Eu chamava atenção de muita gente influente. Essa era a vantagem de ter 13 anos de idade, numa época em que muitos dos amigos intelectuais e artistas que eu dividia espaço cultural já contavam com mais de 40. Imagina só: ainda sou novo, segundo alguns e outros. E essa é a vantagem de possuir alguns anos a menos e ter sobrevivido para contar a história de personagens folclóricas que marcaram a sociedade ou, até mesmo, o underground urbano do século XX. A Turma do Parquão passou a existir em 1982, mas seus integrantes eram remanescentes do rock, da cultura pop e da intelectualidade marginal que frequentava bares dos anos 1960 (em diante) e festas culturais recheadas de artistas exóticos. Especificamente (e informalmente) a Turma do Parquão era formada pelos irmãos Machado, Hilário (uma versão cabocla de David Bowie e percurso do glitter rock no sul do país) e Humberto (ex-cineasta e beatnik genuíno, já fazia coisas em 1966 que ninguém sabia que existia no Brasil, amigo de Jefferson Barros que, no futuro, se renderia ao sistema indo trabalhar como diretor-chefe do Jornal da Globo ); Marco A. Prado Dreyer, mais conhecido como Guru, um intelectual que era discípulo de Humberto, que por um tempo seguia a esquerda e que, décadas depois, se converteria para a extrema direita. Guru curtia filosofia, mas acabou se formando em sociologia e que ficou famoso por passar semanas e madrugadas no quarto devorando quilos de livros; Jorge Licht, o Gonô, músico do final dos anos 1970, que morava na mesma rua de Hermes de Aquino e que retardou sua entrada no rock gaúcho, tornou-se músico da banda de apoio de Coié Lacerda somente na entrada do século XXI (resgatando assim, tardiamente, anseios de sua juventude) e chegou a acompanhar o músicos Plato Divorak em gravações demos; Roque, irmão, de Gonô, que era um comediante à moda antiga bem ao estilo de Oscarito e que era o Rei do Trocadilho, não tinha funcionalidade intelectual, mas equilibrava o humor da turma; Valter Waichel, professor de matemática, meio hippie, meio beat, meio freak e super autêntico fazendo todas essas denominações funcionar ao mesmo tempo (já falei dele no blogger da Bíblia do Rock") atraiu dezenas de fãs no circuito "cult" alternativo e, fechando a tampa do baú, entrou oficialmente para a Turma do Parquão. No final de 1989, o inefável Bodinho, codinome de Jorge Alberto Eisenhut (não por acaso, foi através deste que conheci Carlos Ducatti, "o homem que veio do planeta Orion), regressou a turma após um longo hiato rompido em 1984. Bodinho era reformista em matéria de filosofia, poeta, ativista pioneiro das causas ecológicas e mais um monte coisas. Ele fez parte do Clube Nova Era de Carlos Ducatti em 1972. Mas, eu já havia tocado neste assunto em uma matéria escrita meses atrás, onde o Barão de Itararé, era o carro-chefe e eu sugeria aos cineastas explorar histórias de personalidades mais interessantes que as celebridades efêmeras da atualidade em filmes mais relevantes. Analise, por exemplo. A vida do político Éneas Carneiro no lugar de uma produção de alguém do nível de Bruna Surfistinha não renderia mais? Quem possui empatia (ou muito menos que isso) entenderá o que eu estou tentando sugerir aos demais realizadores da Sétima Arte.
  Antes de me aprofundar no tema central, acho pertinente resumir (ou subtrair) boa parte de minha trajetória. Para quem não me conhece mais intimamente e só pensa que estou tocando projetos como A BÍBLIA DO CINEMA, A BÍBLIA DO ROCK e O AMOR NOS TEMPOS DA INTERNET, todos a serem lançados em livros e filmes, pouco sabe do meu contato com o homem que veio do Planeta Orion e de minhas experiências como ator de teatro. Repetindo, eu tinha 13 anos e ele 41. Eu estudava teatro e nem era cineasta ainda, muito menos jornalista, porém, havia muita vontade de explorar um intrigante personagem através de texto. Sim, eu já escrevia muito desde criança, desde quando me conheço por gente. Isso nasceu comigo e provavelmente morrerá um dia, mesmo que eu tenha o sonho de consumo de encontrar em tempo o segredo da imortalidade. (rsrsrs). Na época em que eu fui apresentado a Carlos Ducatti, minha inclinação era mais para os desenhos, os quadrinhos. Desenhei barbaridades e fiz tanto storyboard que percebi que o caminho mais lógico era fazer carreira e contar minhas histórias através do cinema. Desde os 10 anos de idade, eu era desenhista e tinha uma revista que era distribuída no centro da cidade chamada "Gurulândia", inspirada numa outra figura ilustre que abordarei num futuro próximo. Já o Almanaque da Turma do Parquão (alguns exemplares podem ser encontrados na Biblioteca Nacional), apresentava artigos, poemas. pensamentos e manifestações filosóficas de intelectuais da esquerda e direita gaúcha que viveram os anos rebeldes e haviam sido renegados pela elite. Eu era o menino prestígio que não tinha vivido nem os anos 60 e muito menos os 70, mas que tinha presença de espírito e vontade de retratar uma geração de contestadores que estavam a frente do seu tempo. Na verdade, era algo muito superior que discutir posicionamentos políticos de esquerda e direita, considerando que tais personalidades não se encaixavam a nenhum padrão vigente naquela época, final dos anos 1980. Entre muitas figuras que renderiam uma biografia ímpar havia o Santão, senhor efeminado de 80 anos, que nunca tinha feito sexo e ingeria altas porções de gemadas, para curtir os garotões, que passeavam na rua, sempre sentado em sua janela de frente para a fachada do prédio que visitava. O segredo de Santão, que nos quadrinhos se transformava em super herói, o Super Santão, era desafiar a libido, nunca chegar ao orgasmo. Já o segredo de Carlos Ducatti era nunca sair do planeta Terra (em vida) e criar o máximo de inventos a fim de surpreender as mentes primitivas. Triste história seria se a maioria dos textos que escreveu não fossem mais engraçados, em alguns momentos, que as publicações bem sucedidas de Millor Fernandes. Só o texto que ele escreveu sobre como viver com menos de um salário minimo arrancou gargalhadas de artistas influentes em uma das edições do Festival de Cinema de Gramado. Enfim... Tardiamente, há poucos dias, descobri que ele havia partido em 2015. Se existe plano astral certamente Carlos Ducatti está rindo de todos nós, seres inferiores que perdem tempo criticando a vida dos outros na internet. Posso adiantar que em boa parte da sua existência, Ducatti foi um entertainer de terceira via do mundo analógico. No próximo parágrafo, tentarei resumir o máximo possível sua passagem pela Terra.

Analógico, Ducatti dispensava o uso do celular com medo de ter sua energia toda sugada. (Foto protegida por direitos de imagem. Não tente reproduzi-la em outro espaço sem autorização).


  Antes de eu rememorar o filme que fiz com ele quando tinha somente 13 anos, mas que, hoje, mereceria uma remontagem (ou reebot), gostaria de apresentar o personagem como ele se apresentava ao público. No livro de poemas, "Vibrações Poéticas", que Carlos Ducatti lançou em dezembro de 1981, consta um prefácio escrito por Janer Cristaldo ("Um Orionino Adaptado") e, de forma inedita, uma crítica do prefácio (defendida pelo próprio autor da obra em questão). Cristaldo era doutor em Literatura Comparada pela Université de la Sorbonne Nouvelle - Paris III. Creio que vale a pena transcrever, aqui, suas palavras que constam no prefácio do livro sobre o tão questionado extraterrestre:
  "Desde minhas universidades venho acompanhando o trabalho tenaz e infatigável de Carlos Ducatti. Homem de preocupações cósmicas, nada do que é terráqueo a si alheio reputa, lutando tanto pela construção de um espaçoporto no Brasil para receber nossos vizinhos de outras galáxias como elaborando uma complexa parafernália destinada a exterminar pardais, ave monopolista e predatória (sem alusão alguma ao Bonfim, por favor!), cuja algaravia, além do mais, fere seus ouvidos. Doublé de cientista e poeta, criador e animador do Clube Nova Era, viajante astral, Ducatti é filho dos mais sintomáticos deste século conturbado. Exaustas as religiões, falidas as ideologias, é através da Razão - esta nova deusa - que Ducatti buscará Deus. Recente exposição sua - praticamente ignorada por uma imprensa superficial, encharcada de crimes e futebol - nos trazia a dedução matemática da existência de Deus. Jorge Luís Borges disse alhures crer na teologia como literatura fantástica, "es la perfección del género". O pensamento ducattiano move-se paralelamente ao de Borges, quando, em Teociência, diz ser a matemática "abstrata, intemporal, onipresente (...) não tem emoções e numa esfera se revela melhor. Assim como Deus". Lemos, aliás, em sua súmula biográfica, referência ao Ponto Aleph, outro tema típico da teodicéia - se assim podemos dizer - borgesiana".
  E segue:
"Ducatti nasceu em Cruz Alta, RS, comuna que já deu ao Brasil um não menor talento, mas descobriu que provém espiritualmente do planeta Orion e, com tal, sente-se entre nós adaptado. (...) Neste sentido, somos todos um pouco orioninos inadaptados, com a diferença de que não ousamos soltar as rédeas ao sonho. (...)"
  Na crítica do prefácio publicada no próprio livro (pelo autor) o folclore se manifestava com certa dose de inconformismo terreno. Carlos Ducatti não abria mão de sua verdade cósmica:
  "Recebi há poucos dias, no chalé da Praça Quinze, o prefácio de "Vibrações Poéticas", elaborado pelo colega e amigo Janer Cristaldo. De estilo colorido e agradável, apesar de tipicamente intelectual, o trabalho tem vários defeitos a corrigir.
  O título já estava errado, ao incluir a palavra "orionano" (foi retificado, após). Conforme convenção informática de minha criação, válida para mundos e países, o sufixo - ano (Ou -iano) designa habitantes de um certo lugar, e -ino, seus descendentes (biológicos ou espirituais), moradores noutro lugar. Eu, por exemplo, sou italiano, brasiliano (ou brasileiro) e orionino".
  E continua:
  "De 1974 a 1978, uma de minhas preocupações era construir um espaçoporto (elaborei até um projeto). Esqueci a ideia, pois apareceram outros grupos, no Brasil, interessados em tal objetivo. Sigo o princípio de "preencher lacunas", fazendo só aquilo que os outros não procuram fazer (e deve ser feito).
  Não sei odiar. Tenho grande respeito pelas criaturas da Natureza. Adoro ver, cheirar e beijar flores. Há, entretanto, desiquilíbrios ecológicos causados pela ignorância e ambição do homem. O pardal, originário da Ásia, invasor da Europa, trazido (há mais de meio século) para nosso país, é um pássaro antiecológico, vagabundo, arruaceiro, inimigo do tico-tico, do sabiá, etc.; constitui hoje a maior praga do Brasil. Combatê-lo é defender nossa bela e querida fauna".
  Finalmente completa:
  "Janer diz que somos todos inadaptados... Conforme o "Teste de Adaptação à Terra" (de minha autoria), aplicado em mais de trinta pessoas, eu sou terrivelmente inadaptado em todos os sentidos; posso dizer que seria dificílimo encontrar um indivíduo com semelhante grau de inadaptação a este planeta. Meu principal problema é supersensibilidade  crônica, e as soluções que descobri (a muito custo) até agora, não são suficientes.
  Para finalizar, declaro que não acredito que o Mestre Jesus tenha sido filho de um soldado romano. Suas características físicas e espirituais não se coadunam com tal ideia. Penso que seu pai era extraterrestre; ele  teria sido gerado, em Maria da Galiléia, através de... "concepção cósmica" (um processo que não entendo)".



  O livro "Vibrações Poéticas" era dividido nas seguintes unidades: Poemas Ecológicos, Poema Nutricional, Poemas Científicos, Poemas Culturais, Poemas Vivenciais, Poemas Líricos, Poemas Navexológicos, Poemas Mistos, Poemas Sociais, Poemas Filosóficos, Poemas Metafísicos e, por fim, Poemas Autobiográficos. Era uma forma que ele encontrou de contar sua história na década de 1980. Hoje, em dia, seu livro pode ser encontrado em anúncios do site Mercado Livre (o que me surpreende de tão "maldito" que era). Mas suas publicações posteriores tanto em livro quanto em panfletos, manifestos e impressos distribuídos pela cidade nunca sofriam indiferença. Boa parte de seu público era jovem e universitário (até onde pesquisei). Contudo, o escritor Humberto Machado, membro da Turma do Parquão elevava Carlos Ducatti como personagem irreverente que batia de frente com o provincianismo gaúcho.
  Mais tarde, exatamente num sábado, no dia 12 de agosto de 1989, no Instituto Cultural Português, na rua da República, número 53, em Porto Alegre, o cientista matemático (Carlos Ducatti) lançou outro livro, "Estudos Cometários", que em suas mirradas 30 páginas, apresentava explicações científicas (e consideradas satisfatórias, segundo o release) para diversos fenômenos: o aparecimento de cometas, a desordem orbital de Plutão, as crateras da Lua e outros astros, a inclinação do eixo da Terra (e, portanto, as estações do ano), a não-coincidência entre os pólos magnéticos e geográficos, a deriva dos continentes (relacionada com a Geografia física, terremotos e vulcões), a extinção dos dinossauros, a origem do petróleo e a possível futura aproximação do misterioso astro chamado "Absinto" ou "Hercólubus".



  Em 1991, participou do inacabado filme "A Mala", com o professor Valter Waichel. Nesse mesmo período queria lançar em livro-folheto, "Religião Cientifica", em edição limitada de mil exemplares. Enquanto isso, eu realizava novas entrevistas com Carlos Ducatti para reeditar o antidocumentário que fiz com ele. Na época, apesar de Ducatti ter sido o convidado especial, na realidade,  era o pano de fundo para intelectuais bebados discursarem contra o sistema. Era um filme maluco misturando atores e personalidades reais num único espaço. Anarquista demais, não funcionou nas escolas onde foi exibido de forma ambulante. A ideia era boa demais para acabar só nisso. Então, tinha resolvido também escrever uma peça de teatro sobre a trajetória do meu extraterrestre favorito (sic) e, neste turno, eu queria agradar o grande público. Os anos foram passando e eu fui me envolvente em outros projetos que me davam maior exposição e tive que deixar o "Homem que Veio do Planeta Orion" na geladeira.


DUCATTI FOI O PIONEIRO DO MOVIMENTO "GEEK"

Ele já usava a barba da moda tipo muçulmano que alguns jovens de hoje usam.


  Fisicamente, Carlos Antonio Ducatti, nasceu em Cruz Alta, em 1943, mas chegou em Porto Alegre dez anos depois. Conforme consta na súmula autobiográfica do livro "Vibrações Poéticas", entre 1963 e 1964, tirou o curso de Engenharia Militar do CPOR. Foi uma interessante experiência, segundo ele. Depois virou Aspirante a Oficial R/2, reformado. No começo, ele era católico. Pelos 17 anos, já era ateu. A crença retornou - racionalmente em 1970. Nos anos 1971 e 1972, dedicou-se ao curso de Metafísica e Auto-domínio da Ordem Rosacruz  AMORC (não o concluiu - pareceu-lhe pouco científico e monótono). Visitou muitas outras entidades religiosas e iniciáticas: Umbanda, Seicho-no-Ie, Meninos de Deus, Protestantismo, os Mórmons, Teosofia, Movimento Gnóstico, Ananda Marga, GFU (Grande Fraternidade Universal), etc. O conjunto chamado de suas ideias pode ser chamado de "Evolutismo".
  Durante 50 anos escreveu artigos filosóficos, científicos, demográficos, sociológicos psicológicos, etc. Não costumava citar nomes e fontes; a maior fonte era a sua própria vivência (observar - sentir - pensar). A divulgação deste material tinha recursos limitados. Também colecionava inventos mecânicos, eletrônicos, gráficos, figurativos, culturais, psicológicos (testes), arquitetônicos, do vestuário, nutricionais, e assim por diante. Seu Q.I. era 162. Alguns de seus inventos foram premiados em exposições científicas. Infelizmente nenhum foi patenteado ou comercializado.
  Em 1968 fundou o Clube dos Sábios, que em 1971 mudou de nome - Clube Nova Era. Dezenas de resoluções foram aprovadas pelo Grupo Deliberante (sábios que selecionou através do Teste de Sabedoria). Por deixarem de comparecer às reuniões culturais, desistiu (em 1976) de convocá-los. Foi quando parou de aplicar o referido teste.  A grande maioria dos sócios passaram a ser apenas contribuintes. O CNE contou com mais de 160 Associados e Colaboradores ("Cidadãos da Nova Era"), dos quais apenas continuaram pagando mensalidades. (Os mais famosos membros do Clube eram, segundo ele, os compositores-cantores Gilberto Gil, Raul Seixas e Jorge Mautner). Mas os simpatizantes não paravam de chegar. Também, publicou o Jornal Nova Era, logo no início de tudo, em 1972, com artigos e ensaios. Entre os colaboradores estava o ecologista José Lutzemberger.
  Longe de ser uma unanimidade entre os pirados de plantão, era visto, também, como um lunático pelos céticos do circuito oficial. Por outro lado, Carlos Ducatti tinha o respeito (ou era curtido como personagem folclórica) por artistas, intelectuais e jornalistas de um determinado segmento da nata gaúcha (como Luís Fernando Veríssimo, Rogério Mendelski, Ney Gastal, Sérgio Jockymann, Tuio Becker e Juremir Machado). Alguns roqueiros e atores de teatro e cinema acompanhavam as circulares que o próprio Ducatti distribuía pessoalmente numa maratona que durava horas. Embora não existisse internet, ele foi o pioneiro no conceito "geek",linha de comportamento hoje aceita e melhor compreendida graças as novas descobertas tecnológicas. Contudo, ele tinha sempre uma secretária antes e depois do surgimento do mundo virtual. Tinha fobia por muitas coisas, inclusive por alimentos (o açúcar lhe fazia mal), o que explicava seu corpo esquálido e muito deteriorado com o passar do tempo. Costumava culpar os espíritos do além (apelidados de Monstros do Planeta Gelado) por não conseguir arranjar uma secretária bonita para uso pessoal e, consequentemente, salvar a Terra da destruição. Chegou a organizar um concurso para eleger a "secretária ideal", mas como queria apenas as mais jovens, esteticamente exuberantes e apropriadas para a reprodução humana seu plano (de ter filhos que seriam chamados de "Duatonzinhos" 1, 2 e 3) afundou arrastando-o para crises de depressão (nitidamente beirava a um nível "light" de demência). Os planos frustrados e seu nome ausente nos jornais explicam o seu afastamento público na entrada do século XXI. Na primeira versão do meu filme, exibido nos anos 1990, em lugares alternativos e que rendeu inúmeras reportagens em jornais, ele conta em detalhes como se descobriu como alienígena e como nunca ninguém levou a sério seus inventos. Lembrando que ele foi um dos primeiros a criar balões para resolver o problema da cama de ozônio. Em contrapartida, era sempre ridicularizado quando queria vender para alguma empresa sua metralhadora que ajudava a exterminar ratos e baratas. Entre tantas coisas incomuns, ele inventou a caução para entrevista, situação que obrigava o jornalista a passar o texto a ele para correção sujeito a indenização. Curiosamente, entrevistei ele dezenas de vezes e nunca me obrigou a assinar nada. Pelo contrário, eu que conseguia assinatura dele para qualquer tipo de conteúdo que eu fosse usar como, por exemplo, o filme e também a peça de teatro biográfica que escrevi sobre sua personalidade. Fora isso, Carlos Ducatti, sob minha lupa, virou colaborador de texto do Almanaque da Turma do Parquão, do jornal Plantão e da revista Flash News.
  Recentemente, o nosso extraterrestre de Orion ganhou as páginas do livro "Apaixonados por Porto Alegre", lançado por José Luiz Prévidi, alguns anos atrás. Foi pelo site do jornalista que fiquei sabendo da morte daquele sempre negou ter viajado em um disco voador. Carlos Antonio Ducatti partiu de nosso planeta em março de 2015. Vi ele pessoalmente em algumas entrevistas que fiz no verão de 2012 em seu inacessível apartamento em frente a Casa de Cultura de Porto Alegre.



  Como podem ver sempre tive certa atração por personagens bizarros e ele é apenas uma vírgula de uma extensa galeria que, também, incluem alguns famosos já citados ou que pretendo citar neste blogger.

 


Carlos Ducatti, depois, Karlos Duat (segundo ele próprio), nos anos 1980, contemplando a Via Lactéa, no pátio de sua residência, no bairro Menino Deus, em Porto Alegre.



Ducatti numa matéria do jornal Correio do Povo que falava a respeito de figuras de Porto Alegre, capital gaúcha. Ao lado, o não menos relevante ator David Camargo (já falecido). 


  Pois bem, como sempre repito. Se eu arranjar verba e conseguir restaurar a matriz original pretendo lançar o filme de forma independente, como fiz, com cenas raras de negativos que encontrei sobre o extraterrestre dando palestra na década de 1970 e pretendo reivindicar a trilha sonora que se encaixou como uma luva na primeira versão. Nunca Isao Tomita e Jean-Michel Jarret soaram tão bem quanto nesta oportunidade única que foi interagir com um ser tão exótico - que mais conquistava os curiosos pelas ideias reformistas que pelo mistério de ser ou não um alienígena incorporado. Cheguei esmiuçar essa questão na peça de teatro sobre Carlos Ducatti, que também está em meus planos para o futuro. Basta eu encontrar uma parceria sólida. Quem viver verá.



EM TEMPO: O autor (Emerson Links) está ciente de que Órion é uma constelação e não um planeta, porém esse era um argumento (o de ter vindo do PLANETA ORION) era algo que realmente o falecido cientista não abria mão, principalmente quando se apresentava aos veículos de comunicação e ou mesmo quando era abordado por algum jornalista interessado em escrever uma matéria. Pesquisem reportagens de arquivos dos jornais Zero Hora, Correio do Povo, Jornal RS, Jornal do Comércio e as reportagens audiovisuais da extinta TVE. Todos estes exclusivamente "Mídia Gaúcha".




TRECHO DE CARLOS DUCATTI, O HOMEM QUE VEIO DO PLANETA ORION, disponível no you tube:



  
Para saber mais sobre assuntos sobre Órion: